Brasília – Os salários dos profissionais que prestam serviços em
ensino - como professores, pedagogos, coordenadores, assistentes,
vigilantes, secretárias, merendeiras, porteiros, entre outros - tiveram
redução quantitativa e percentual de 2011 a 2012. De acordo com a
Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2012, divulgada no ultimo dia 11, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, os salários no setor de ensino
caíram de R$ 2.884 para R$ 2.852 – redução de 1,1%, o que representa R$
32 a menos na folha de pagamento.
Entre os setores elencados pela Rais, o de serviços está entre os
três que tiveram os menores aumentos no período avaliado – 2,1%, taxa
inferior à média nacional (2,97%). Entre os subsetores elencados pela
relação do Ministério do Trabalho, em que estão incluídos os serviços
em ensino, o de produção de materiais de transporte também teve
redução, de 0,34%.
A informação de que os salários dos profissionais em educação
apresentaram redução em 2012 vai de encontro com outro dado também da
Rais: o setor de serviços foi o que mais gerou empregos no mesmo ano,
cerca de 794 mil. Um dos destaques nesse setor foi justamente o de
prestação de serviços em educação, responsável por 5,67% do total,
aproximadamente 45 mil postos de trabalho.
De acordo com o Ministério do Trabalho, a geração de emprego
demonstra o aumento do consumo das famílias em saúde e educação – o
que, economicamente, deveria provocar alta dos salários, motivado pelo
crescimento da demanda por esses serviços. No entanto, o que ocorre é a
escassez de profissionais.
“Esse dado [redução salarial] mostra uma realidade que,
infelizmente, denunciamos há muito tempo. O decréscimo mostra que a
educação não está sendo valorizada, em uma dinâmica em que não há a
valorização do trabalhador”, disse à Agência Brasil o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão.
Segundo Leão, o fato de a demanda por profissionais ser grande e os
salários baixos intensifica ainda mais escassez de mão de obra. “Há
cursos de licenciatura nas universidades que estão fechando porque não
há alunos. Ninguém quer seguir carreira que não tem perspectiva de
futuro, em que se ganha pouco”, explicou o presidente da CNTE, em
relação à formação de professores.
Atualmente, o piso salarial dos professores do magistério público é
R$ 1.567. Para Roberto Leão, o fato de o piso não estar sendo
respeitado em todo o país contribui para a diminuição da média salarial.
“No serviço público, um professor chega a receber 60% menos do que
um profissional de mesma formação [superior], como engenheiros ou
advogados”, informou.
Segundo a diretora executiva do movimento Todos pela Educação,
Priscila Cruz, os salários dos profissionais, em termos absolutos, têm
aumentado em todo o país. Para ela, com a contratação de mais
professores recém-contratados, cresce o número de profissionais em
início de carreira que ganham o piso salarial. Isso faz com que, na
média, haja uma redução dos salários. No entanto, a diretora concorda
que os ganhos atuais não são atrativos para a carreira. "Não podemos
afirmar que está havendo uma desvalorização dos salários, mas o patamar
atual é insuficiente para atrair os melhores alunos do ensino médio
para a carreira e com isso melhorar o ensino".
A Rais é um registro das declarações anuais e obrigatórias de todos
os estabelecimentos existentes no país. Gerenciados pelo Ministério de
Trabalho e Emprego, os dados são as principais fontes de informações
sobre o mercado de trabalho formal, sendo usados pelo governo na
elaboração de políticas públicas.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/
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