LOUVORES

terça-feira, 11 de junho de 2013

Por dia, quase três professores pedem demissão da rede estadual do RJ

Baixos salários, principal causa de pedidos de exonerações dos educadores


Pagando salários menores do que os da prefeitura do Rio de Janeiro, e de pelo menos cinco municípios da Baixada Fluminense, a rede pública estadual do Rio assiste a uma debandada de professores no início deste ano. Só nestes cinco primeiros meses, 308 mestres concursados pediram exonerações. Outros 504 se aposentaram. Ou seja, 812 professores estão fora da rede. O déficit de profissionais, segundo a Secretaria Estadual de Educação, no entanto, é de cerca de 800.
A principal causa apontada para os pedidos de demissão trata dos baixos salários - R$ 1001 de salário inicial bruto, por 16 horas de trabalho. De acordo com dados do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe), a média de pedidos de demissão na rede é de 2,5 por dia. Levando-se em conta o número de profissionais que se aposentam, a média aumenta para 6,76.
O problema, segundo os dados, não é exclusividade da rede estadual. No caso da Secretaria Municipal de Educação, o número de mestres que pediram desligamento de janeiro a maio é ainda maior: 514. No segundo semestre do ano passado, o município se viu às voltas com 1.270 pedidos deste tipo.
Concursado do governo do Estado em 2010, o professor de Biologia Eduardo Moraes, 28 anos, decidiu abandonar a rede estadual e passar a trabalhar em Mesquita, na Baixada Fluminense. A intenção era aumentar seus rendimentos em R$ 520. "Em 2010, no Rio, eu ganhava R$ 880. Na prefeitura de Mesquita, passei a ganhar R$ 1,4 mil. Como eu moro em Benfica, na zona norte, a mudança me exigiu um certo esforço de deslocamento, mas está valendo a pena."
Professores reivindicam aumento salarial na rede estadual de ensino
Eduardo é um dos milhares de mestres que acumula mais de uma matrícula. Ou seja, trabalha para a prefeitura de Mesquita e também para a prefeitura do Rio de Janeiro. "O vale-transporte que o governo do Estado me pagava não cobria as minhas despesas de deslocamento para o trabalho. Isso acontece principalmente com aqueles professores que trabalham em mais de uma escola. Este foi mais um dos motivos pelos quais decidi abandonar a rede estadual. É muito trabalho para pouco dinheiro", destaca.
O biólogo aponta ainda outras vantagens de se trabalhar fora da capital: "Na rede municipal de educação da Baixada, as turmas tem limite de 30 alunos. Já na rede estadual, o limite oficial é de 60. Isso significa que as turmas na Baixada são menos cheias e é possível trabalhar melhor", aponta.
Professora do Ciep Pablo Neruda, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, Maria Beatriz Lugão Rios diz que o fato de os novos professores concursados serem chamados apenas em meados do ano piora ainda mais a situação da classe.
"Os concursados, chamados pelo governo no meio do ano, tem que se encaixar nas turmas já formadas. Ou seja, um professor de Filosofia que é contratado para 12 horas por semana tem que lecionar em 12 turmas distintas já que cada turma tem direito a um tempo de aula desta disciplina. Assim, é comum um professor com apenas uma matrícula acumular aulas em mais de uma escola. O grande problema é que o vale-transporte é para apenas um colégio, né? Assim, o professor desembolsa parte de sua despesa com transporte", critica.
Contratações não acompanham saída
Enquanto a saída de profissionais da rede só neste início de ano foi de 812 mestres, as contratações são exatamente a metade: só 406 professores foram chamados este ano para trabalhar na rede estadual.
Para suprir o déficit de professores, a Secretaria estadual de Educação lançou mão de uma gratificação que praticamente dobra os rendimentos dos mestres. Para isso, os professores também tem carga horária dobrada. Com a chamada "gratificação por lotação prioritária", houve diminuição da carência por professores na rede. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a carência de profissionais veio reduzindo desde 2010, quando chegava a 12 mil.


No país do futebol o que se nota é que a educação não é levada a sério pelas autoridades "competentes", pelo contrário o que se percebe é um total e completo descaso e abandono pelo que teria que ser pensado em primeiro plano. Mas porque isso acontece? Porque para nossos governantes não é interessante um cidadão consciente, letrado, sabedor de todos os seus direitos, o que cobra uma gestão séria e com políticas sociais em prol da população, mas sim aquele que é visto apenas como mais um voto, que não questiona, não cobra, não se impõem porque não o sabe fazer. Até quando?





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