Baixos salários, principal causa de
pedidos de exonerações dos educadores
Pagando salários menores do que os da
prefeitura do Rio de Janeiro, e de pelo menos cinco municípios da Baixada
Fluminense, a rede pública estadual do Rio assiste a uma debandada de
professores no início deste ano. Só nestes cinco primeiros meses, 308 mestres
concursados pediram exonerações. Outros 504 se aposentaram. Ou seja, 812
professores estão fora da rede. O déficit de profissionais, segundo a
Secretaria Estadual de Educação, no entanto, é de cerca de 800.
A principal causa apontada para os
pedidos de demissão trata dos baixos salários - R$ 1001 de salário inicial
bruto, por 16 horas de trabalho. De acordo com dados do Sindicato dos
Profissionais da Educação (Sepe), a média de pedidos de demissão na rede é de
2,5 por dia. Levando-se em conta o número de profissionais que se aposentam, a
média aumenta para 6,76.
O problema, segundo os dados, não é
exclusividade da rede estadual. No caso da Secretaria Municipal de Educação, o
número de mestres que pediram desligamento de janeiro a maio é ainda maior:
514. No segundo semestre do ano passado, o município se viu às voltas com 1.270
pedidos deste tipo.
Concursado do governo do Estado em
2010, o professor de Biologia Eduardo Moraes, 28 anos, decidiu abandonar a rede
estadual e passar a trabalhar em Mesquita, na Baixada Fluminense. A intenção
era aumentar seus rendimentos em R$ 520. "Em 2010, no Rio, eu ganhava R$
880. Na prefeitura de Mesquita, passei a ganhar R$ 1,4 mil. Como eu moro em
Benfica, na zona norte, a mudança me exigiu um certo esforço de deslocamento,
mas está valendo a pena."
Professores
reivindicam aumento salarial na rede estadual de ensino
Eduardo é um dos milhares de mestres
que acumula mais de uma matrícula. Ou seja, trabalha para a prefeitura de
Mesquita e também para a prefeitura do Rio de Janeiro. "O vale-transporte
que o governo do Estado me pagava não cobria as minhas despesas de deslocamento
para o trabalho. Isso acontece principalmente com aqueles professores que
trabalham em mais de uma escola. Este foi mais um dos motivos pelos quais
decidi abandonar a rede estadual. É muito trabalho para pouco dinheiro",
destaca.
O biólogo aponta ainda outras
vantagens de se trabalhar fora da capital: "Na rede municipal de educação
da Baixada, as turmas tem limite de 30 alunos. Já na rede estadual, o limite
oficial é de 60. Isso significa que as turmas na Baixada são menos cheias e é
possível trabalhar melhor", aponta.
Professora do Ciep Pablo Neruda, no
Jardim Catarina, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, Maria Beatriz
Lugão Rios diz que o fato de os novos professores concursados serem chamados
apenas em meados do ano piora ainda mais a situação da classe.
"Os concursados, chamados pelo
governo no meio do ano, tem que se encaixar nas turmas já formadas. Ou seja, um
professor de Filosofia que é contratado para 12 horas por semana tem que
lecionar em 12 turmas distintas já que cada turma tem direito a um tempo de
aula desta disciplina. Assim, é comum um professor com apenas uma matrícula
acumular aulas em mais de uma escola. O grande problema é que o vale-transporte
é para apenas um colégio, né? Assim, o professor desembolsa parte de sua
despesa com transporte", critica.
Contratações
não acompanham saída
Enquanto a saída de profissionais da
rede só neste início de ano foi de 812 mestres, as contratações são exatamente
a metade: só 406 professores foram chamados este ano para trabalhar na rede
estadual.
Para suprir o déficit de professores,
a Secretaria estadual de Educação lançou mão de uma gratificação que
praticamente dobra os rendimentos dos mestres. Para isso, os professores também
tem carga horária dobrada. Com a chamada "gratificação por lotação
prioritária", houve diminuição da carência por professores na rede.
Segundo a Secretaria estadual de Educação, a carência de profissionais veio
reduzindo desde 2010, quando chegava a 12 mil.
No país do futebol o que se nota é que
a educação não é levada a sério pelas autoridades "competentes", pelo contrário o que se percebe é um total e
completo descaso e abandono pelo que teria que ser pensado em primeiro plano.
Mas porque isso acontece? Porque para nossos governantes não é interessante um
cidadão consciente, letrado, sabedor de todos os seus direitos, o que cobra uma
gestão séria e com políticas sociais em prol da população, mas sim aquele que é
visto apenas como mais um voto, que não questiona, não cobra, não se impõem
porque não o sabe fazer. Até quando?
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