"A educação tem
pressa". Esse é o lema dos profissionais da educação da Rede Municipal de
Macaé que estão em campanha salarial desde março de 2013, com assembleia
marcada para 15 de maio e indicativo de paralisação para 22 de maio. O site do
PSTU Macaé entrevistou a diretora do Sindicato dos Profissionais da Educação de
Macaé (Sepe), professora e militante do PSTU, Sabrina Luz, que contou como está
esse processo de organização da luta da categoria.
PSTU/Macaé: Quando começou a
campanha salarial 2013?
Sabrina Luz: Em fevereiro e março tivemos duas audiências com a nova secretária de Educação, Lucia Thomaz. Nessas reuniões não tivemos resposta às nossas reivindicações. A secretária afirmava que estava chegando, que tinha muitos problemas e que no momento não podia atender os profissionais da educação. Fruto dessas reuniões com a secretária, conseguimos marcar duas reuniões, uma com os professores A e outra com os professores C, onde a secretária iria ouvir a categoria. Infelizmente ela não compareceu em nenhuma das reuniões, mostrando a falta de compromisso com os educadores.
Na nossa assembleia,
dia 19 de março, votamos a campanha salarial 2013. Votamos também que iríamos
tentar uma abertura de diálogo com o novo prefeito, Dr. Aluízio, já que a SEMED
não nos atendia. Enviamos um pedido de audiência pública para Dr.
Aluízio, infelizmente não tivemos resposta. No dia 09, ficamos sabendo que o
prefeito iria estar em uma atividade com as diretoras da Rede, no colégio
Ancyra. Fomos até lá pegar a resposta do prefeito pessoalmente e conseguimos
marcar uma reunião para o dia 15 de maio, antes da nossa assembleia. Mas, caso
o prefeito não negocie, a rede vai parar dia 22 de maio.
PSTU/Macaé: Quais são as
reivindicações da educação na campanha salarial 2013?
Sabrina Luz: Essa pergunta é muito
importante. Não lutamos apenas por aumento salarial, e sim por melhores
condições de trabalho. A primeira delas é salário, reivindicamos 50% de
aumento, o mesmo índice que teve os cargos comissionados
da Câmara de Vereadores. Se a prefeitura pode dar 50% para os cargos
comissionados, pode dar para a educação, que precisa, assim como a saúde, ser
valorizada. Lutamos também pela regulamentação da Lei Federal 11.738, que
regulamenta a carga horária com um terço de planejamento para os professores. O
município de Macaé está irregular desde 2010, pois em Macaé não temos esse
direito garantido. Queremos reformas nas escolas e ampliação da rede,
convocação dos concursados para professor A e funcionários, novo concurso para
professor C, entre outras reivindicações.
PSTU/Macaé: Um dos
problemas em Macaé é a falta de creches. Qual a reivindicação do Sepe sobre
essa questão?
Sabrina Luz: No dia 08 de março,
dia Internacional de Luta da Mulher, o Sepe lançou a campanha de creches, com o
lema “Queremos creches já!”. Estamos passando abaixo-assinado na
população, reivindicando construção de creches nos bairros. São 11 mil crianças
de 0 a 5 anos sem creches. É necessário um plano de obras públicas que construa
70 creches. Em Macaé, Capital Nacional do Petróleo, nenhuma criança pode ficar
fora da escola. Sabemos que essa questão é muito séria, o Governo Federal criou
o Pacto pela Educação, indicando que toda criança deve ser alfabetizada até os
oito anos. Mas, para que essa criança seja alfabetizada na idade certa é
fundamental que ela esteja na creche desde cedo. A pré-escola é importante para
o desenvolvimento da criança. Outra questão é que a falta de creches é o
principal obstáculo para as mulheres não conseguirem emprego. Hoje, infelizmente, as mulheres que
não têm onde deixar seus filhos, não têm como sustentar suas famílias e ficam
reféns de relações machistas e a conseqüência tem sido o aumento da violência à
mulher. Por isso, queremos creche integral de qualidade para que todas as
mulheres possam trabalhar, ter independência financeira e sustentar suas
famílias.
PSTU/Macaé: Como está a realidade
nas escolas?
Sabrina Luz: A realidade das
escolas da rede municipal é caótica. A violência aumenta; há déficit
de professores e funcionários; a merenda é fraca, sem qualidade; falta
água nas escolas; não chegaram uniformes novos; os livros estão velhos e
insuficientes; as salas, superlotadas; diversas salas de informática e
bibliotecas encontram-se fechadas, e outros problemas. Contratos e o
programa Mais Educação (ou mais enganação) do Governo Federal, que contrata
precariamente estudantes, ou trabalhadoras e trabalhadores para “ensinar” as crianças
no contraturno, são apontados como soluções. É preciso investimento em escola
integral de qualidade, com profissionais de educação concursados, bem
remunerados e a garantia do ensino da ciência, cultura, artes e esporte,
necessários para o desenvolvimento do ser humano.
PSTU/Macaé: A Prefeitura está
paralisada desde o início do ano por causa da auditoria das contas. Qual a sua
opinião sobre isso?
Sabrina Luz: A auditoria é
importante, para saber o quanto nosso município perdeu com os desvios de verba
pública e a corrupção. É necessário punir os
culpados e devolver o dinheiro público. Outro absurdo é usar a auditória como
desculpa para não dar aumento salarial digno para os servidores. A Prefeitura
não tem previsão para concurso público, nem para construção de creches.
Dinheiro não é problema em Macaé. Nos quatro primeiros meses já arrecadamos R$
678 milhões. Esse recurso deve ser investido pesadamente em educação, saúde e
moradia, dar condições dignas para a população macaense. Só assim teremos melhores
resultados na educação, inclusive o aumento da violência na escola que nos
preocupa tanto, só vai ser resolvido se nossos jovens tiverem perspectiva de
uma vida melhor.
PSTU/Macaé: Você gostaria de
deixar algum recado para os visitantes do site do PSTU?
Sabrina Luz: Sim, primeiro que é
muito importante poder divulgar a luta da educação aqui no site do PSTU.
Educadores, vamos fortalecer nossa campanha nas escolas e colocar nossa
reivindicações na rua. O apoio da população é fundamental. Vamos exigir do prefeito
Dr. Aluízio, que atenda nossas reivindicações. A luta por educação de qualidade
para os filhos dos trabalhadores faz parte da luta por uma sociedade melhor,
igualitária, uma sociedade socialista.igualitária, uma sociedade
socialista.
Não sou militante de nenhuma frente partidária ou sindicato de grevistas, apenas luto, busco e quero o melhor para nossa nação, e isso passa necessariamente por uma educação de qualidade com funcionários bem remunerados e uma boa infraestrutura.
ResponderExcluir