Ter Filhos ou Sermos Pais?…Você Sabe a Diferença?
Por:
Denison Carlos
Em
meados de março de 2001 entrei como estagiário em uma escola de
informática de renome, conhecida inclusive fora do Brasil. Dentro
dessa instituição atuei como estagiário, monitor, instrutor e
coordenador de ensino. Nesta última função, atendia pais e
responsáveis por alunos e ali ia identificando as dificuldades que
minha equipe possuía em sala de aula. Até então eu imaginava que
aquelas dificuldades eram exclusivas dos grandes centros, vez que a
escola se localizava em um dos bairros nobres da capital paulista, e
a outra unidade na qual eu havia trabalhado antes de ser coordenador,
localizava-se no centro de Guarulhos. Mas ao mudar para Maringá em
2003 e pouco tempo depois assumir novamente a função de coordenador
de ensino em outra rede de escolas, conforme realizava atendimentos
aos pais e responsáveis, ia percebendo que os problemas e as
desculpas esfarrapadas daqueles que em tese eram os responsáveis
pelos alunos,
eram quase as mesmas.
Pronto!
Ali ficava muito claro algo que poucas pessoas se dão conta quando
veem uma criança com problemas de disciplina e ou aprendizado na
escola: existem
pessoas que querem ter filhos e aquelas que querem ser pais.
Você sabe qual é a diferença? … Bem, continuo atuando na área
da educação, mas não diretamente com atendimentos pedagógicos.
Até acompanho alguns às vezes, mas de modo geral, meu contato maior
é com os alunos. E a cada dia tenho mais certeza do que acabei de
citar.
Os
pais que apenas querem
ter filhos,
sabe-se Deus por qual motivo, geralmente educam os filhos com
tecnologias: celulares, computadores, vídeo games, pay per view e
uma série de comodidades que o mundo moderno nos oferece. Estes
pais, de um modo geral, buscam essas tecnologias na tentativa de
suprirem suas ausências. Dão aos filhos presentes que os agradem,
que os ocupem enquanto se dedicam horas e horas a um trabalho que
exige cada dia mais. Tais pais, são os primeiros a reclamarem da
escola e dos professores. E o pior de tudo é que na grande maioria
dos casos, acreditam na falsa ideia de que se
pagam por educação, os filhos devem sair da escola educados.
Já presenciei muitos deles parando o carro na porta do colégio e
acelerando o carro antes que as crianças terminem de descer com a
mochila em mãos. É evidente que não posso generalizar em relação
a esses alunos, mas em sua maioria, são desinformados, mimados e mal
educados. O que mais ouvimos de suas bocas quando é preciso lhes
chamar a atenção e cobrar algo correto, é a célebre frase:
“Deixa,
eu conto pro meu pai (minha mãe) e ele (a) vem aqui!”.
São crianças e adolescentes que acreditam que tudo é fácil, que
os pais sempre irão comprar aquilo que eles querem, afinal, foram
educados para pensarem assim. Fazem parte da Geração Tanto Faz.
Poucos acabam geneticamente tendo um comportamento mais maduro. Essas
crianças se tornam Órfãos de Pais Vivos, como diz o texto de uma
grande amiga.
Por
isso tenho compaixão dos órfãos de pais vivos. Filhos que são
criados, mas não educados. Recebem comida, bebida, remédios,
roupas, brinquedos etc. Mas padecem daquilo que é tão importante na
formação de uma criança: a presença de adultos que amem, cuidem e
deem exemplos bons.
Por
outro lado, aqueles que de fato querem
ser pais,
esses sim buscam soluções lógicas, racionais e éticas para a
relação com os filhos e com a escola. É certo que seus filhos
possuem em casa as mesmas tecnologias que os outros possuem, mas tudo
de forma dosada, correta. São ensinados para lidar com tais
eletrônicos. Estes são pais que sabem muito bem quais são seus
papéis na educação de um filho, e, jamais
irão cobrar de uma instituição de ensino o berço, pois sabem que
cabe a instituição apenas o conhecimento científico.
Eles são conscientes de que os valores éticos e morais, a cidadania
e o respeito ao próximo, devem ser ensinados dentro de casa. Por
mais ocupados que sejam com suas carreiras, às vezes até mais do
que outros pais, sabem que o amor e a família são a base de vida
essencial para qualquer criança. Os filhos desses casais em sua
maioria, são crianças que vão para a escola com o mínimo das
noções necessárias para se conviver em ambientes sociais e
dificilmente dão “aquele trabalho” aos professores e à equipe
pedagógica.
Toda
família enfrenta dificuldades para criar os filhos. Nosso mundo
globalizado não nos permite conquistar as coisas com facilidade, e
assim, nossa vida profissional acaba muitas vezes nos tomando mais
tempo do que a nossa vida familiar. E quando pensamos em educar uma
criança para que ela se torne responsável, ética e honesta quando
adulta, é preciso compreender que para isso serão necessárias
horas e horas de dedicação, de muito carinho, atenção, e
principalmente, muitíssimo amor…
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