A paralisação da rede pública vai até quinta-feira.
Segundo a CNTE, alguns Estados e municípios podem aprovar a prorrogação da greve
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Professores da rede pública
de todo o País iniciaram nesta terça-feira uma greve nacional de três
dias para cobrar o cumprimento da Lei do Piso, sancionada há quase
cinco anos e que ainda não é cumprida por boa parte dos Estados e
municípios. Levantamento feito pelo Terra com base em
dados fornecidos pelas secretarias da educação e pelos sindicatos
aponta que 10 Estados pagam abaixo de 1.567,00 para um docente com
jornada de 40 horas semanais.
A pior situação é
verificada no Rio Grande do Sul, onde um professor com o ensino médio
ganha míseros R$ 977,05 como vencimento básico. A situação é melhor
para quem tem curso superior, já que o salário básico passa para cerca
de R$ 1,8 mil. Sem condições de cumprir com a lei sem alterar o plano
de carreira da categoria, o governo gaúcho optou por pagar um
complemento para aqueles que recebem menos que o piso. Situação
semelhante enfrentam o Paraná, Goiás, Rondônia, Alagoas, Bahia,
Pernambuco, Piauí, Sergipe e Maranhão, que também precisam reajustar os
salários do magistério para se adequar à lei.
Presidente da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, estima uma
grande mobilização até quinta-feira para fazer cumpri a lei.
"Precisamos fazer uma grande mobilização para que a lei seja cumprida,
temos que brigar, ir para a rua, para cobrar por algo que foi aprovada
por unanimidade no Congresso há cinco anos. Isso é uma vergonha,
precisamos começar a valorizar os profissionais da educação", disse ao Terra.
Leão estima que a
paralização pode resultar em greve por tempo indeterminado em alguns
cidades e Estados, já que os professores farão assembleia até
quinta-feira para definir os rumos da mobilização. Em São Paulo, a
greve já teve início na segunda-feira e além de reajuste salarial, os
professores cobram o cumprimento de um terço da jornada de trabalho
para atividades extraclasse - como preparação de atividades e correção
de provas, outro ponto definido pela Lei do Piso.
Em São Paulo, um professor
das séries iniciais do ensino fundamental ganha R$ 1.803,92 como
vencimento básico, valor acima do piso, mas que segundo os professores
ainda é muito baixo. Para o presidente da CNTE, com salários mais
atrativos na iniciativa privada, os jovens não se interessam pelo
magistério. Ele estima que faltam hoje no Brasil cerca de 300 mil
docentes na educação básica pública. "Isso é resultado da política de
desvalorização da profissão. Sem perspectiva de carreira promissora, o
jovem se afastou do magistério."
Além do piso, a mobilização
vai cobrar a aprovação da emenda que destina 100% dos royalties do
petróleo para a educação, a aprovação do Plano Nacional da Educação
(PNE), que tramita no Congresso Nacional, a valorização dos
funcionários das escolas e mudanças na avaliação do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A paralisação de três dias
tem início com uma série de atividades promovidas pelos sindicatos
estaduais e municipais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os
professores agendaram uma passeada da sede do sindicato, na avenida
Alberto Bins, até o palácio do governo estadual no começo da tarde para
pressionar o governador Tarso Genro (PT) a cumprir com a Lei do Piso.
Na quarta-feira haverá uma grande mobilização em Brasília, com a
presença de professores de todo o Brasil em uma marcha pela educação e
reuniões com parlamentares e governantes. Na quinta-feira ainda estão
previstas assembleias dos sindicatos.
Saiba Mais
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Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao
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