LOUVORES

sábado, 17 de agosto de 2013

Paes sobre greve de professores: ‘Quem faltar será descontado’


Prefeito acusa o Sepe de partidarizar a greve e avisa que não dará aumento



Prefeito tem o índice de aprovação em queda e se vê diante de série de protestos
Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia

Rio - Herdeiro da popularidade do governador Sérgio Cabral em 2008, quando se elegeu prefeito do Rio, Eduardo Paes reelegeu-se no primeiro turno em 2012 com 70% dos votos, mas, agora, assim como Cabral, tem o índice de aprovação em queda e se vê diante de série de protestos.
A greve dos professores da rede municipal e a manobra de vereadores de sua base para esvaziar a CPI dos Ônibus tem levado milhares de pessoas às ruas. Neste entrevista exclusiva, Paes acusa o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de partidarizar a greve e avisa que não dará aumento. E prometeu que não usará o Executivo para ditar os rumos da CPI.

O DIA: Em que pé estão as negociações com os professores da rede municipal?
EDUARDO PAES : É muito difícil negociar com o Sepe. Eles não querem o entendimento. Colocamos na mesa uma série de pontos positivos, mas a gente não pode prejudicar professor por causa do Sepe. Não posso ficar esperando greve legal e vou descontar o ponto de quem não voltar a trabalhar na segunda-feira. Quem estiver em estágio probatório vai ser demitido. Não dá para permitir este comportamento numa rede que, em comparação com a média, tem uma remuneração adequada. Acho que o principal avanço é o Plano de Cargos e Salários, a estruturação da carreira. É isso o que faz a diferença.

O plano já está pronto?
A gente tem o estudo pronto e quer debater minimamente, mas o Sepe não quer. Então vamos ver outra forma de fazer, instituir uma comissão de professores, representantes de escolas, porque o Sepe não quer estar na mesa de debates. Tem uma dificuldade que eu não quero transformar em acusação que é a seguinte: na mesa de negociação feita aqui, acho que só havia um ou dois da rede municipal, o resto todo era de fora da rede. Assim, realmente, fica muito difícil.

Mas há dinheiro, como os R$ 758 milhões incluídos indevidamente no pagamento de inativos.
Isso é uma interpretação de setores da oposição que o jornal O DIA quis encampar, mas não é verdade.

Como não?
A gente apenas cumpriu a lei. Se eu não fizesse isso, a gente não teria a certidão negativa do Ministério da Educação, do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), não receberia os repasses. A maior prova de que estou agindo dentro da lei é que estou recebendo isso. Há uma turma que luta por uma interpretação diferente disso, mas não é diferente disso.

Então não haverá aumento para os professores?
Não! Não porque não trato meus servidores de forma diferenciada. Respeito meus servidores. Dou aumento para eles todo ano. Não há governo no Brasil que faça o que eu faço. O que a gente vai fazer é ajustar a carreira. Por exemplo: a equiparação do professor P1 (com carga horária de 40 horas e licenciatura plena) com P2 (com nível superior e licenciatura plena) dará a eles 35% de aumento. A base da educação terá 23% de aumento, mas não dá para ser um reajuste uniforme para quem está sendo bem remunerado lá em cima.

E se a classe resolver continuar parada? Não havia só diretores do Sepe na rua, mas 15 mil pessoas. O governo não vai sentar novamente para negociar?
A gente já sentou, conversou, foi até onde poderia ir. O mais importante é o Plano de Cargos e Salários.

E você acha que a classe será contemplada, excetuando o Sepe, que não teria representatividade?
Não estou dizendo que o Sepe não tem representatividade, mas é uma conversa que não é feita buscando o entendimento. Os professores do município têm de olhar para o lado e comparar com que se paga em outros entes da federação, para entender o esforço brutal que a gente faz aqui.

E em relação a CPI dos Ônibus? Não seria papel do prefeito negociar uma solução junto à base para evitar esse protesto?
Eu negocio projetos de lei de interesse do Executivo. Investigação parlamentar é uma prerrogativa do Legislativo e neste caso o Executivo só pode uma coisa: ser investigado. O que eu podia fazer é não me meter. E não me meti para assinarem (a CPI), para deixarem de assinar, para nada. Vou continuar assim.

Mas o povo está na rua. Não cabe uma mudança de postura de sua parte?
É papel do Legislativo, não meu. Mudo as minhas posturas e a dos meus secretários. Aqui mando eu. Aqui respondo qualquer indagação que você tiver, mas em relação ao Legislativo, cabe ao Legislativo responder. O que não pode é não respeitar as lideranças do parlamento, por mais que as pessoas não gostem delas.

Em relação aos protestos, a Guarda Municipal não pode evitar, sem violência, o que aconteceu na quinta-feira, quando meia dúzia de pessoas fechou a Avenida Rio Branco?
Não é papel dela, mas da polícia, já que estas pessoas não protestam na paz. Eu presto muita atenção no milhão de pessoas que protestou em paz, nos 300 mil que protestaram em paz, não nesta minoria que não age assim. Aí, é com a Polícia Militar.

E presta atenção nos 15 mil professores que protestaram em paz terça-feira (risos)?


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