Prefeito acusa o Sepe de partidarizar a greve e avisa que não
dará aumento
Rio - Herdeiro da popularidade do governador Sérgio
Cabral em 2008, quando se elegeu prefeito do Rio, Eduardo Paes reelegeu-se no
primeiro turno em 2012 com 70% dos votos, mas, agora, assim como Cabral, tem o
índice de aprovação em queda e se vê diante de série de protestos.
A greve dos professores da rede municipal e a
manobra de vereadores de sua base para esvaziar a CPI dos Ônibus tem levado
milhares de pessoas às ruas. Neste entrevista exclusiva, Paes acusa o Sindicato
Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de partidarizar a greve e avisa
que não dará aumento. E prometeu que não usará o Executivo para ditar os rumos
da CPI.
O DIA: Em que pé estão as negociações com os
professores da rede municipal?
EDUARDO PAES : É muito difícil negociar com o Sepe. Eles
não querem o entendimento. Colocamos na mesa uma série de pontos positivos, mas
a gente não pode prejudicar professor por causa do Sepe. Não posso ficar
esperando greve legal e vou descontar o ponto de quem não voltar a trabalhar na
segunda-feira. Quem estiver em estágio probatório vai ser demitido. Não dá para
permitir este comportamento numa rede que, em comparação com a média, tem uma
remuneração adequada. Acho que o principal avanço é o Plano de Cargos e Salários, a estruturação da
carreira. É isso o que faz a diferença.
O plano já está pronto?
A gente tem o estudo pronto e quer debater minimamente, mas o Sepe
não quer. Então vamos ver outra forma de fazer, instituir uma comissão de
professores, representantes de escolas, porque o Sepe não quer estar na mesa de
debates. Tem uma dificuldade que eu não quero transformar em acusação que é a
seguinte: na mesa de negociação feita aqui, acho que só havia um ou dois da
rede municipal, o resto todo era de fora da rede. Assim, realmente, fica muito
difícil.
Mas há dinheiro, como os R$ 758 milhões incluídos
indevidamente no pagamento de inativos.
Isso é uma interpretação de setores da oposição
que o jornal O DIA quis encampar, mas não é verdade.
Como não?
A gente apenas cumpriu a lei. Se eu não fizesse
isso, a gente não teria a certidão negativa do Ministério da Educação, do FNDE
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), não receberia os repasses. A
maior prova de que estou agindo dentro da lei é que estou recebendo isso. Há
uma turma que luta por uma interpretação diferente disso, mas não é diferente
disso.
Então não haverá aumento para os professores?
Não! Não porque não trato meus servidores de forma
diferenciada. Respeito meus servidores. Dou aumento para eles todo ano. Não há
governo no Brasil que faça o que eu faço. O que a gente vai fazer é ajustar a
carreira. Por exemplo: a equiparação do professor P1 (com carga horária de 40
horas e licenciatura plena) com P2 (com nível superior e licenciatura plena)
dará a eles 35% de aumento. A base da educação terá 23% de aumento, mas não dá
para ser um reajuste uniforme para quem está sendo bem remunerado lá em cima.
E se a classe resolver continuar parada? Não havia
só diretores do Sepe na rua, mas 15 mil pessoas. O governo não vai sentar
novamente para negociar?
A gente já sentou, conversou, foi até onde poderia
ir. O mais importante é o Plano de Cargos e Salários.
E você acha que a classe será contemplada,
excetuando o Sepe, que não teria representatividade?
Não estou dizendo que o Sepe não tem
representatividade, mas é uma conversa que não é feita buscando o entendimento.
Os professores do município têm de olhar para o lado e comparar com que se paga
em outros entes da federação, para entender o esforço brutal que a gente faz
aqui.
E em relação a CPI dos Ônibus? Não seria papel do
prefeito negociar uma solução junto à base para evitar esse protesto?
Eu negocio projetos de lei de interesse do
Executivo. Investigação parlamentar é uma prerrogativa do Legislativo e neste
caso o Executivo só pode uma coisa: ser investigado. O que eu podia fazer é não
me meter. E não me meti para assinarem (a CPI), para deixarem de assinar, para
nada. Vou continuar assim.
Mas o povo está na rua. Não cabe uma mudança de
postura de sua parte?
É papel do Legislativo, não meu. Mudo as minhas
posturas e a dos meus secretários. Aqui mando eu. Aqui respondo qualquer
indagação que você tiver, mas em relação ao Legislativo, cabe ao Legislativo
responder. O que não pode é não respeitar as lideranças do parlamento, por mais
que as pessoas não gostem delas.
Em relação aos protestos, a Guarda Municipal não pode
evitar, sem violência, o que aconteceu na quinta-feira, quando meia dúzia de
pessoas fechou a Avenida Rio Branco?
Não é papel dela, mas da polícia, já que estas
pessoas não protestam na paz. Eu presto muita atenção no milhão de pessoas que
protestou em paz, nos 300 mil que protestaram em paz, não nesta minoria que não
age assim. Aí, é com a Polícia Militar.
E presta atenção nos 15 mil professores que
protestaram em paz terça-feira (risos)?
Claro (risos). Acho adequado assim, quando o
protesto respeita a cidade e o cidadão.
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